NOVOS MÉTODOS CONSTRUTIVOS DE IMÓVEIS
Quando pensamos em construção civil, é natural que a primeira imagem que vem a nossa mente seja do sistema de construção mais popular: a alvenaria. Isso faz todo sentido, afinal, a grande maioria das casas e edifícios que conhecemos são construídos com base em tijolos e concreto.
Apesar da predominância do sistema de construção de alvenaria, as evoluções e inovações arquitetônicas trouxeram para nossas cidades alguns modelos alternativos para as edificações.
Muitos de nós já ouvimos falar em métodos construtivos inovadores sendo utilizados em países como Estados Unidos, Canadá ou Austrália, mas parece que nunca vemos essas novidades chegarem ao Brasil. Por aqui, muitos profissionais e clientes ainda têm resistência em apostar em inovação e tecnologia.
Porém, esse cenário está mudando aos poucos. Gradativamente, vemos mais engenheiros e compradores interessados em entender e utilizar métodos construtivos inovadores, criando imóveis cada vez melhores. A seguir vamos analisar alguns aspectos para você conhecer as novidades da construção civil que podem mudar a sua forma de enxergar os imóveis.
Veja o nosso artigo: Quais as Vantagens de uma Casa Automatizada?
CONSTRUÇÕES MAIS SUSTENTÁVEIS
Nos tempos atuais a palavra de ordem é sustentabilidade. Desde o projeto até o uso do imóvel, passando, obviamente, pela construção, soluções sustentáveis estão em alta. O mercado e a sociedade estão percebendo que reduzir os impactos é obrigação de todos nós para preservarmos o planeta terra. Nesse contexto, surgem inovações como:
• sistemas de coleta e armazenamento de água da chuva;
• jardins que armazenem a água para a própria irrigação em dias mais secos;
• isolamento térmico e acústico das paredes feitos para reduzir o gasto de energia com ar-condicionado ou aquecimento;
• concreto permeável para permitir que a água da chuva seja absorvida;
• concreto feito a partir de material reciclado;
• uso de energias renováveis; consulte nosso artigo: O Que é a Energia Fotovoltaica?
• revestimento de parede ecológico feito à base de garrafa PET;
• materiais alternativos ao asfalto, feitos, por exemplo, de polímeros ou borracha reutilizada;
• construções em Steel Frame e revestimentos em Drywall.
Enfim, mesmo que algumas técnicas já existam há algum tempo, a tendência é que elas se tornem cada vez mais populares daqui para a frente.
UTILIZAÇÃO DE NOVOS MATERIAIS
Nem só de concreto, aço, cimento e tijolo vive a construção civil. Empresas do mundo inteiro trabalham para desenvolver materiais que agreguem mais valor à construção, reduzam custos, colaborem com a natureza ou melhorem a performance do imóvel. Veja alguns dos mais revolucionários e criativos:
• Hidrocerâmicas: material misto à base de hidrogel e argila que consegue absorver até 500 vezes o seu volume em água. Nos dias mais quentes, a água armazenada nele evapora e resfria o ambiente;
• Breath Brick: tijolo desenvolvimento para atuar como um filtro, absorvendo a poluição do ambiente e liberando um ar mais puro;
• Tijolo feito à base de pontas de cigarro que é, ao mesmo tempo, ecológico, mais leve e mais eficiente;
• Concreto auto-reparável: contém uma bactéria que reage se entrar em contato com a água, produzindo calcário. Assim, toda vez que surgir uma rachadura, a bactéria reagirá e o calcário vai reparar a fenda e impedir que a água ou o ar atinjam a estrutura.
LIGHT STEEL FRAME
Um método de construção muito parecido com o Wood Frame, mas no lugar dos perfis de madeira, entram o de aço galvanizado. O fechamento das paredes costuma ser feito com painéis de placas cimentícias, madeira ou drywall.
As principais vantagens desse modelo de construção são:
• Precisão e rapidez;
• Isolamento térmico e acústico (menos eficaz do que a madeira, porém, mais eficaz que a alvenaria);
• Pequena perda de material e geração de resíduos.
O preço da mão de obra especializada e a limitação para o tamanho da edificação são as desvantagens. O sistema light steel frame também não permite que haja muitos pavimentos.
ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS
Também conhecida por Engenharia Modular, a Construção Modular Pré-fabricada é um processo que foi inventado na Europa e obteve bastante sucesso em uma variedade de países, especialmente nos mais desenvolvidos e industrializados. Ela veio para aproximar a Engenharia Civil das tecnologias do século 21, se comparado aos métodos habituais. Apesar de a construção modular não ser expressivamente moderna, as tecnologias atuais, como o BIM, permitiram que esse método ganhasse mais espaço no mercado.
Seguindo a tendência das construções mais rápidas, eficientes e com menor desperdício, o sistema pré-moldado funciona como um brinquedo de montar. As estruturas são pré-fabricadas com as medidas ideais, sendo necessário apenas a montagem da edificação.
As peças são feitas de concreto armado e montadas no canteiro de obra, com instalações elétricas e hidráulicas a serem embutidas – sem precisar quebrar nada para passar a tubulação.
Ao contrário do que se pensa, a construção modular apresenta uma vasta gama de aplicabilidades e oportunidades, nas quais é possível construir casas de luxo, prédios, barracões, hospitais e grandes complexos, além das casas convencionais. Devido a sua agilidade e facilidade de construção, nota-se o quão promissor é esse método construtivo e como tem sido considerado por engenheiros.
As principais vantagens são:
• Rapidez de construção;
• Redução de resíduos;
• Alta resistência às grandes temperaturas.
O revés fica por conta da falta de um bom isolamento acústico e térmico. Outra desvantagem do sistema: o custo para confecção das fôrmas de concreto é alto, o que deixa uma pequena obra mais cara (é o preço que se paga por uma construção mais rápida e eficiente). Vale ressaltar que edificações em concreto pré-moldado não permitem alterações estruturais.
CONTAINERS
Eles já são famosos na arquitetura moderna e trazem resultados incríveis para os projetos, sendo que existem até mesmo casas com estrutura mista (um ou dois containers complementados com outros ambientes construídos de outras maneiras) ou totalmente construídas com containers.
Feitos com materiais de alta resistência e que concedem um aspecto moderno, sustentável e industrial, o container proporciona um tempo de obra pequeno e redução de custos, sendo possível economizar aproximadamente 30% do valor de uma obra de alvenaria tradicional.
As obras de casas-containers são ágeis e limpas, gerando baixo desperdício de material e utilização reduzida de insumos, como areia, tijolos, concreto e acabamentos. Outro fator muito interessante: as estruturas feitas totalmente com containers podem ser desmontadas e montadas em outro terreno.
Dentre as desvantagens encontram-se a necessidade de complementação do isolamento acústico e térmico, já que as paredes dos containers são apenas folhas de metal. Também é preciso um canteiro de obras espaçoso para dar conta das máquinas para transporte e içamento das peças. No caso do uso de containers usados, é preciso uma avaliação dos danos e possível reparo para evitar ferrugem.
CONSTRUÇÕES A SECO
As paredes de drywall foram criadas para substituir a alvenaria tradicional em obras pequenas e em reformas pontuais. Porém, em países como os EUA, é possível encontrar casas inteiras feitas com esse material.
O drywall é composto de placas de gesso, que podem receber outras camadas internas de poliestireno, madeira ou outro material – que são estruturadas com perfis de aço galvanizado. Esse tipo de estrutura é customizável e sai da fábrica com as medidas certas para a sua obra!
Assim como ocorre com o concreto pré-moldado, as paredes de drywall permitem instalações elétricas e hidráulicas facilitadas e de rápida montagem, sem necessidade do uso de concreto e água, ou seja: fazem parte do rol das famosas construções a seco.
Dentre suas vantagens, encontram-se a rapidez de construção, baixa produção de resíduos e conforto térmico. Entre as desvantagens estão o baixo controle acústico e a impossibilidade de realizar a edificação da parte externa da casa sem que haja uma camada de proteção. Isso ocorre porque o gesso não resiste muito bem à umidade e radiação solar.
As construções a seco, popularmente conhecidas como sistemas drywall, são uma grande tendência nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos e agora se popularizam também por aqui. Suas principais vantagens são a redução do tempo de obra, menos resíduos e desperdício e mais qualidade no produto final.
Em vez de usar tijolos, concreto e cimento, as construções a seco utilizam, por exemplo, uma estrutura em Light Steel Frame. As peças, feitas em aço galvanizado, são pré-moldadas e chegam ao canteiro prontas para serem montadas. Depois da estrutura e impermeabilização, são feitos isolamentos térmicos e acústicos, instalações elétricas e hidráulicas e acabamentos.
No Brasil, ainda temos bastante a cultura de tijolo e cimento e muita gente tem receio de utilizar métodos como esse por causa da segurança. A verdade é que, com o Light Steel Frame, consegue-se obter a mesma resistência e segurança no imóvel — ou até superior — gastando menos material e tempo.
NOVAS CIDADES VERTICAIS
O crescimento da população nas cidades está criando muitos desafios para os engenheiros. Desde melhorias na infraestrutura de trânsito à disponibilidade de moradia: tudo precisa ser repensado, já que a população nas cidades não para de crescer.
Por isso, em alguns locais do mundo já não é possível mais expandir horizontalmente, apenas verticalmente. Com isso, os prédios de múltiplos andares, como o famoso Burj Khalifa em Dubai, com seus 160 pavimentos, são uma tendência para o futuro.
É claro que esse é o prédio mais alto do mundo e não quer dizer que empreendimentos desse tipo estarão presentes em todas as cidades. Mas as construções devem, sim, ficar cada vez mais altas para acomodar mais pessoas.
IMPRESSÃO 3D E A ENGENHARIA
A manufatura aditiva, ou impressão 3D, é um processo de fabricação relativamente recente e que está evoluindo rapidamente. Nos últimos anos, vimos um crescimento considerável do uso dessa tecnologia, que chega também à construção civil.
Na Indústria Civil, o método de construção aditiva se fortalece, ultimamente, tanto pela inovação e desenvolvimento das tecnologias quanto pelas suas vantagens em relação aos métodos construtivos usuais. Essa tecnologia ainda promete revolucionar também a Arquitetura, dando ainda mais liberdade de formas complexas para os arquitetos e transformar a estruturação dos lares tradicionais.
Assim como a impressão bidimensional, a impressão em 3D também exige um projeto esquematizado pelo computador, mas a principal diferença é o material impresso – é uma mistura especial de concreto. Em relação à construção, o resultado da técnica é expressivo: custo reduzido, sobretudo, pela menor necessidade de mão de obra, e redução de resíduos. Além disso, ainda existe uma maior rapidez na construção da casa, por utilizar um único composto na sua construção.
Já existem projetos para construção de casas, pontes e estruturas de concreto usando a impressão 3D. As grandes vantagens seriam o desperdício zero e a possibilidade de customizar completamente qualquer projeto.
No entanto, vale lembrar que, aqui, precisamos separar a ficção da realidade. A impressão 3D é uma tecnologia promissora e tem muito potencial, mas ainda não está sendo empregada em larga escala na construção civil.
UTILIZAÇÃO DE DRONES E AUTOMAÇÃO
Os drones e robôs estão sendo aplicados e testados em uma gama de serviços e também já existem soluções para a engenharia civil utilizando essas tecnologias.
Por exemplo, os drones podem ser usados para realizar fotografias e medições de terrenos sem a necessidade de deslocamento de pessoal.
No Japão, os robôs já começam a ser usados nos canteiros em tarefas como manuseio de objetos pesados.
Também já existem caminhões de carga, pás carregadeiras e outros equipamentos controlados remotamente por GPS.
Concluindo a tendência é que, conforme a mão de obra nas construções fique mais cara, se torna mais interessante investir em tecnologias de automação para reduzir custos e aumentar a qualidade.